Em busca da imperfeição

Ultimamente tenho pensado bastante em pequenas imperfeições, e gosto cada vez mais delas. Como consequência, estou menos paciente com as coisas e pessoas perfeitinhas demais. Gosto das pequenas imperfeições que nos fazem mais naturais, mais humanos. E me inquieto com aqueles estereótipos de beleza e comportamento irretocáveis, assim, meio "barbie", meio "anjo", meio "CMM5".

Mas não é a perfeição em si que me impacienta, e sim a busca incessante por ela.

Me impacientam as pessoas que não se admitem menos belas do que uma capa de revista, que no fundo desejariam ser photoshopadas a cada troca de roupas, escondendo seus possíveis defeitos como provas de um crime. É como se a insistência em ter o todo perfeito, eliminasse a parte que mais interessa. E o resultado, pelo menos aos meus olhos, é que embora algumas sejam até muito bonitas, quase sempre são enfadonhas e insossas. Meus olhos mais se chocam do que admiram.

Gosto mesmo é das pessoas que se aceitam como são, e transformam aquelas pequenas imperfeições em características próprias, em marcas que as destacam dos demais. Aquelas sardas no rosto, aquela falha na sobrancelha e, acreditem, até mesmo aquela barriguinha levemente alcochoada, podem se mostrar excelentes armas de sedução, se usadas com naturalidade e boa auto-estima. E, cá pra nos, é bem mais gratificante saber que seu charme é aquela marquinha de nascença, que está em você o tempo todo, ao invés daquela maquiagem ou daquela roupa, que nem sempre te acompanham quando você mais precisa.

Também gosto cada vez mais das pessoas que não sem obrigam a serem socialmente perfeitas, e que não precisam se mostrar exemplos de conduta e comportamento. Não quero dizer que prefiro as doidivanas ou as revoltadas, ou que não existam pessoas cujos princípios sejam irretocáveis. Quero apenas dizer que pessoas que necessitam da aprovação 100% positiva dos outros são, no mínimo, tediosas.

Por exemplo, eu gosto de pensar na Cinderela como uma menina que não soube se impor sobre a madrasta, mas que foi à forra quando passou um pito nas irmãs e deu uns pegas no príncipe, e com direito a roupa de gala, pra matá-las de inveja. Imaginem os pulos que ela deu quando voltou do baile, deliciando-se com sua vingança "a la malhação"? Que Princesa da Disney que nada!

Poxa, há defeitozinhos que fazem as pessoas te acharem engraçado e acessível, ou que simplesmente permitem que alguém debata com você, te questione, ou até aprenda com você. É aquela falta de compostura quando nos sentimos lesados, mas que surte efeito; é aquela teimosia sobre suas crenças, mas que também te protegem de abismos existenciais; é aquela falta de opinião sobre determinados assuntos, que te salva das idéias preconcebidas; aquela indiferença à opinião alheia; aquele humor negro; aquela preguiça; aquele ciúme das suas coisas. Tudo isso parece incômodo à primeira vista, mas marca sua personalidade e, quem sabe, te faz mais interessante.

Cultive seus defeitos de estimação. Se eles forem muito agressivos, mantenha-os domados, mas não os elimine. Acredite que cada um de nos é uma combinação única de qualidades e defeitos, que nos torna simplesmente... perfeitos.

8 comentários:

Gustavo Santos disse...

"Mas não é a perfeição em si que me impacienta, e sim a busca incessante por ela."

Ainda bem, já tava me sentindo ofendido.

Anônimo disse...

Tá vendo? Quando eu digo que "Ió biurifó" do James Blunt foi feita pra mim ninguém acredita ... e sim, eu gosto do meu buchinho... ele é até simpático! :p

Unknown disse...

Ah, e esse perfil alternativo da Cinderela pode ser conferido no "Para sempre CInderela" com a Drew Barrymore ... comprei ontem =D

Patrícia Muniz disse...

ai que susto Nivix. Eu pensei em mil coisas muito doidas até entender "Ió biurifó".
Dada a minha fama, voce ja imagina né... :D

Anônimo disse...

Kkkkkkkkkkkkkkk Patrícia ... é James Blunt, e não Cumpadi Washington =p

Nancy Lyra disse...

hahahaha
Olha, há dias que eu concordo com o que tá escrito aqui. Em outros eu quero mudar tudo em mim e valorizo mais as pessoas que se cuidam. Vai entender... Talvez sejam as situações ou os hormônios influenciando.
Sabe aquela sensação gostosa de comprar um roupa nova, um perfume, uma maquiagem caríssima? Ah... pois é! rs

Em todo caso, concordo que domar os defeitinhos é mais gostoso que extirpá-los. Eu tenho um bucheps (ou barriguinha levemente alcochoada), cuja meta é Solange Frazão, sabe? Mas ele tá totalmente ciente que é "para sempre" meta. Vivo feliz nesse ciclo de "tentar ser<->aceitar o que sou".

Gustavo Santos disse...

confesso que o "Ió biurifó" também me assustou à primeira vista! sabe-se lá que o que a influência anda fazendo com nivix...

Patrícia Muniz disse...

Uuuufa, ainda bem que eu nao sou a unica a ter a mente poluida... digo, a ter mentalidade fertil