Qualquer semelhança não é mera coincidência

Quem acha que pessoas do mesmo sangue nem sempre são parecidas, talvez precise olhar com mais atenção, como eu. Não me refiro apenas aos traços físicos, mas principalmente aos cacoetes e trejeitos, típicos de quem conviveu e assimilou características de outras pessoas. As semelhanças são tantas que, às vezes, idéias completamente contrárias, ditas praticamente da mesma forma, confundem o interlocutor a ponto de parecerem praticamente a mesma idéia. É a nossa herança familiar, que vai além da genética.

Há algumas semanas recebi a visita de três tios, irmãos do meu pai. Até então eu não havia me dado conta de tantas semelhanças entre eles. Me diverti bastante, em silêncio, maravilhada com os pequenos detalhes. Eles, meu pai, e os demais tios são o retrato do meu avô, que junto com meus tios-avós, devem ter assimilado os trejeitos de meus bisavós, assim como eu, meus irmãos e primos assimilamos os trejeitos de nossos pais e tios. Até o filhinho adotado da minha tia já tem semelhanças quase físicas com a nossa família.

Tão gostoso que, no meio de uma conversa super séria entre eles, eu fiquei completamente alheia ao assunto, e só observei as suas formas de falar, as expressões. Não consegui disfarçar um sorriso no rosto, enquanto eles declamavam um rosário de doenças pelas quais alguém estava padecendo. Vez por outra , meu tio me olhava com o canto do olho, provavelmente estranhando a expressão do meu rosto. Tudo culminou quando alguém disse "Vai morrer, vai morrer!!", bateu as palmas das mãos no ar e olhou para o chão, balançando a cabeça. Adorei. Essa é a maneira que família tem de sentenciar alguém à morte. Isso deve estar nos genes.

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