Lembraças do meu tempo de criança

Lembra daquelas bolas de poeira e gravetos que passavam nos filmes de faroeste americano, atravessando o deserto ou a rua da cidade fantasma? Quando eu era pequena vi uma dessas passar na rua lá de casa. Eu fiquei com cara de abestalhada, me perguntando desde onde aquela bola vinha girando.
Meu irmão não acredita, mas eu tenho certeza que vi. Mas ele não pode falar de mim, porque até hoje ele jura que viu o capeta no caminho da casa de Vovô, e que ele tinha patas e cara de jumento. Ele não admite que era um jumento!!!

Também lembro que tínhamos um gato, sem nome, que só aparecia nas horas das refeições. Alguns anos mais tarde descobri que o nosso gato também frequentava a casa de Lolosa (a fotógrafa da cidade). Nossos gato era bígamo!!
Coitado de papai. Pagou pelas intuição de mamãe de que alguém estava aprontando com ela.

Também tivemos alguns cachorros. Todos vira-lata, e todos tinham o mesmo nome: Rabi. Eu não sei onde papai arranjou esse nome, mas eu dizia pra minhas amigas que era nome árabe, só pra me exibir.

E lembro vagamente das roupas que mamãe fazia pra mim. Tão, tão ... alegres! As amigas de mamãe ficavam impressionadas com a criatividade dela. Eu receio que as minhas também. Mas eu até que gostava.

E não posso esquecer das noites estreladas. Descobri uma maneira bem fácil de subir no telhado da cozinha, pra observar o çéu. Eu subia lá nas noites agradáveis e ficava pensando onde estaria minha alma gêmea, talvez observando as estrelas naquele momento. E se existia uma cópia exata de mim do outro lado do mundo.

Mas das minhas lembranças, a que mais me agrada é a de papai ligando o som pra ouvir Nelson Gonçalves, às 4:00 da manhã. A princípio eu poderia ficar possessa com isso, mas a verdade é que eu adorava acordar devagarzinho, ouvindo A volta do Boêmio, e depois voltar a dormir. Era uma sensação tão boa, de harmonia e de conforto.

(copiado do antigo blog, escrito em 07 de março de 2007 17:40)

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