Recarregando as baterias

Esse fim de semana fui para o sertão, recarregar minhas baterias. Bastou pegar a estrada e já me senti mais forte, mais viva. Eu mal havia saído de Recife e acho, inclusive, que já havia mais estrelas no céu.

Aqui em Recife eu costumo desabafar com uma única estrela em frente à milha janela. Ficamos só nós duas olhando uma para a outra, numa conversa solitária e silenciosa, meio triste até. Às vezes uma de nós pisca de leve, e a outra entende que a companheira está pensativa. Muitas vezes eu e minha amiga estrela não podemos nos ver, porque a maresia do litoral apaga um pouco da sua presença. Tudo muito, muito calmo e soturno.

Já no sertão é completamente diferente. Lá as estrelas aparecem todas, agitadas e exibidas, cada uma querendo brilhar mais que as outras. Aquela amiga estrela também aparece por lá, mas costuma ficar mais quietinha naquela balbúrdia, não sei se por timidez ou por discrição. Todas querem emitir sua brinlhante opinão sobre os fatos do momento, e é comum que muitas se manifestem ao mesmo tempo. No sertão as estrelas são muito mais extrovertidas e sociáveis. Não é possível manter uma conversa reservada sem a intromissão de uma ou outra constelação. As Três Marias são a piores, muito mexeriqueiras.

Não me admira haver tantas estrelas cadentes. É impossível manter o equilíbrio naquela multidão, naquele empurra-empurra. Uma divertida e linda algazarra, tão agitada quanto São João no sítio.

Mas as visitas ao sertão têm muitos outros atrativos, além de festas estelares. Alguns deles são os jantares dignos de reis do sertão: Baião-de-dois com feijão verde, carne de sol, e ovos de capoeira mexidos na manteiga. Tudo isso acompanhado de uma Cajuína geladinha e de uma cocada de leite como sobremesa.

Pra finalizar, carinho de pai e mãe. Papai me beija e me abraça como se eu ainda tivesse 10 anos, e chega a ficar com os olhos úmidos. Tão bom, tão bom, tão bom.