A Eterna Procura

Ela andou por muitos lugares, e encontrou muitas pessoas.
Encontrou alguém que a chamava de docinho, que lhe mandava flores e bombons. Mas não foi ele que deu sabor à sua vida.
Encontrou alguém que a chamava de minha deusa, que admirava sua beleza e beijava sua mão. Mas não era ao seu lado que ela se sentia grandiosa.
Houve até aquele que a chamava de gata, que despertava seus instintos e acariciava sua cintura. Ao seu lado ela se sentia mulher, mas ainda não foi este que a fez se sentir completa.

Ela não conseguia corresponder àqueles apelidos, porque não sentia que seria natural. Faltava algo.

Ele andou por muitos lugares, e encontrou muitas pessoas.
Também conheceu princesas, maluquinhas e lindinhas. Foi chamado de mô, de campeão, e de fofinho. Sentia-se amado e desejado, mas não sentia que aquilo era suficiente para fazê-lo feliz.

Ele tentava corresponder àqueles apelidos, mas também sentia que aquilo não era um gesto natural. Faltava algo.

Eles não se conheciam, mas sentiam falta um do outro. Eram perfeitos um para o outro. Mas a verdade é que não estavam preparados para se encontrarem. Ainda tinham muito para viver, e muitas pessoas para conhecer. Precisavam amadurecer suas maneiras de amar, e parar de esperar o amor ideal para enfim sentirem-se completos. Só assim poderiam amar-se completamente, sem esperar a completude.

Ele não sabia, mas queria chamá-la de milady. Ela não sabia, mas queria chamá-lo de milord.

2 comentários:

Gustavo Santos disse...

Como sempre,texto de uma sensibilidade ímpar. Talvez a "eterna procura" seja apenas um exercício de paciência...

E muito bem escolhida a imagem. O Feitiço de Áquila é um daqueles clássicos de sessão da tarde que marcam a vida da gente. Perfeita abstração do valor sublime e platônico de um verdadeiro amor.

Anônimo disse...

Que lindo!!!
Agora deu vontade de rever "A casa do lago" =) É exatamente sobre isso...