Amar o Impossível

L me disse certa vez que jamais esquecerá R.

R está do outro lado do véu. R se foi. Isso torna a saudade ainda maior. Não dá pra ter notícias, pra bisbilhotar sua vida, não dá pra colocar a culpa no outro, não dá.

Quando a saudade aperta, L bebe umas cervejas até perder um pouco a consciência, seu corpo flutua no infinito, e L quase sente a amada presença de R. L ri de canto de boca, olha pro nada e pisca o olho devagar. Não dá pra fazer mais do que isso, porque L não se sente correspondido.

Amar o impossível é uma tarefa muito difícil, e ao mesmo tempo é tão fácil. O impossível vem até você sempre que você quer, mas nunca fica o suficiente. O impossível não te magoa, mas jamais retribui o que você dá. O impossível te enche de vazio, e te transborda de intensidade.

A vida de L segue, normalmente, na medida do que é normal. E R... será que, atrás do véu, olha para L e responde a cada um dos seus gestos? Será que R também ama o impossível?

Se ama, então esse sim pode ser o impossível insuportável. É o impossível que está sempre presente, mas que não vem até você. Que deseja te dar tudo o que você gostaria, mas não pode entregá-lo. Que te completa de amor, e te esvazia de esperanças.

Amores assim são lindos e tristes. Amores assim fazem parte de nossas vidas, aqui e lá.

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