Diário de uma Mulherzinha

Tudo começou com uma ressaca moral depois de uma temporada de compras impensadas, que eu costumo chamar de "Orgias Financeiras".
Onde eu estava com a cabeça? Parecia uma Serial Shopper!! Aquilo já estava atrapalhando meu sono e eu não conseguia me encarar no espelho sem me lançar um furioso olhar de reprovação. Eu boto pra quebrar quando piso na bola comigo mesma. Ainda bem que não sou violenta.

Dado que eu não era a única naquela situação, e que minhas amigas adoram uma farra tanto quanto eu, surgiu a idéia de um bazar entre amigas. E mandei o email:

Meninas,

Acho que posso generalizar e dizer que toda mulher já comprou algo no impulso. Aquele vestido bacanérrimo, mas cujo decote mostra mais do que deveria; aquela calça belíssima, mas que prende demais suas coxas; e aquela blusinha simpática, mas que briga com seus sutiãs.
Tem até aquela roupa que te cai super bem, mas na há oportunidade para usá-la. E ficam todas lá, algumas ainda com etiquetas, outras praticamente virgens, esquecidas em nossos guarda-roupas.

Dá uma pena, né? Afinal, são peças tão lindas e pareciam terem sido feitas pra nós.
Então, num ato de desprendimento, algumas de nós reconheceram que aquelas peças foram feitas para outras pessoas, e merecem encontrar suas verdadeiras donas. Será um evento lindo, onde mulheres e roupas se encontrarão e se descobrirão feitas umas para as outras. Fico emocionada só de pensar.

Nosso bazar será na minha casa, no dia 03/agosto (domingo) a partir das 14:00hs. Tragam suas peças em busca de novas donas, e suas amigas em busca de novas peças.

Nosso bazar logo se transformou num pretexto para um Clube da Luluzinha, onde não caberiam aquelas frescuras típicas de homens mal-humoradas e mulheres amarguradas. Seríamos só estrogênio, só fru-fru, só e principalmente mulherzinhas.

Para aqueles que precisam criticar para se fazerem notar, não me refiro ao esteriótipo pejorativo que alguns adoram atribuir a pessoas superficiais ou desocupadas. Alguns inclusive adoram atribuir esse esteriótipo a todas as mulheres, o que, a meu ver, é uma demonstração clara de que precisam se relacionar menos com outros homens, e mais com mulheres de verdade*.

Ser mulherzinha é ser feminina, e assumir sua feminilidade sem receios. Uma mulherzinha se cuida, se perfuma, se arruma, se embeleza não porque não tenha coisa mais útil para fazer, mas porque sabe que isso é saudável e prazeroso. Cuidar-se é instintivo, inclusive para os homens, ou vocês pensam que não notamos quando vocês querem se fazer notar? E como se esforçam para se fazerem notar!

* Revistas não contam, seu bundão. Ah, também não adianta se relacionar com uma mulher sem que ela saiba e concorde com isso.

E uma das melhores partes da festa, como sempre, é a preparação:

Sobre a arrumação da casa, baixei minha coleção de canecas do armário (com destaque para as canecas de princesas da Disney), e borrifei pelos cômodos um pouco de uma água de colônia que adoro. Enchi a sala de almofadas e separei alguns livrinhos e revistas divertidos para quem quisesse se distrair (quadrinhos, Veríssimo, Martha Medeiros, Super Interessante, Casa da Chris, e um livrinho proibido que comprei displicentemente e sob olhares curiosos do revisteiro, e que fez muito sucesso entre as convidadas). Eu achei que a casa ficou com uma atmosfera boa, perfeita para receber pessoas queridas e dispostas a gargalhar muito.

Quanto à definição do cardápio, nada mais mulherzinha que chazinhos e biscoitos sortidos. Além disso, os famosos bombons de caramelo que, segundo as mais sensíveis, promovem pequenos espasmos de tão gostosos (é claro que todas provaram). Pra completar o dia, que providencialmente estava chuvoso, incluímos o chocolate quente ultra-power-dilícia da minha amiga Val. Eis que, quando foram colocá-lo na garrafa térmica, alguns poucos mililitros caíram fora da garrafa. Nesse momento algumas mulheres soltaram gritinhos histéricos, super-mulherzinhas vintage.
Foi um momento único. Pena não ter documentado, eu estava gritando, com o dorso da mão na testa. Oh, mon Dieu!

Ah, quase esqueço, era um bazar!! Arranjei um cabideiro emprestado, para pendurar as roupas. Três mulheres, sendo duas mestras em Computação, e uma doutoranda em Biotecnologia, perderam vários minutos para decifrar aquele monte de peças, sem manual. Só não dei o braço a torcer para os homens porque era preciso inteligência, não força, para montá-lo.

E foi dada a largada para o encontro entre roupas e mulheres. De fato, comemoramos com aplausos e suspiros o encontro de algumas almas gêmeas, porque mulherzinhas de verdade não perdem uma oportunidade de festejar (é uma questão de doçura na alma). De minha parte não posso reclamar, me interessei pelo cabideiro. Não é à toa que dizem que pequenas implicâncias podem esconder um grande amor.

As meninas que ficam na porta da minha geladeira também entraram no clima do bazar.

Foi uma tarde muito divertida, que já rendeu promessas de novos encontros. Não sei dizer se essas reuniões proporcionam a mesma satisfação que o futebol dos homens, mas que é bom reafirmar nossa feminilidade, ah isso é. Nem de longe os homens imaginam o quanto é, nem de longe.

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei o bazar! Foi tudo muito divertido e prazeroso! Desde o chocolate quente até a leitura dinâmica de um certo "best seller" ilustrado! hehehehe. Sem contar a montagem do cabide!!! heheheh
Até o próximo!
:D
Lili

Gustavo Santos disse...

no próximo, deixe de ser preconceituosa e separatista e abra para homens também. e bote o apartamento no bazar :)