Frivolidade Consumista

Tudo começou quando eu disse a mim mesma que não faria compras neste fim de ano. Nada de lojas abarrotadas e mais linhas na fatura do cartão de crédito. Isso porque meus armários estão abarrotados de coisas, algumas praticamente sem uso. Haja bazar pra resumir aquilo tudo ao realmente útil e necessário.
Além disso, e principalmente, uma vontade pessoal de me desligar dessa frivolidade consumista. Eu sei que não chego a ser tãããão consumista assim, mas o pouco que sou faz me sentir pequena quando penso no que eu poderia fazer de bom e útil com o dinheiro que já gastei pelo puro prazer de gastar.

Mas vão se aproximando as festas de fim de ano, as confras, as viagens, e junto aquele hábito de querer tudo novo, como se isso fosse condição para algo dar certo, ou valer a pena, ou fluir melhor do que com o que você já tem. Cheguei ao cúmulo de comentar que meu fim de ano seria triste porque eu não estava fazendo compras. Naquela hora eu só conseguia me lembrar de como é gostoso o sabor do consumo. Quantas vezes nos dopamos com esse sabor pra compensarmos um dia ruim, ou comemorarmos um dia ótimo?

Então recebi este vídeo, que fala exatamente sobre nossa relação com o consumo, e de como a sociedade nos instiga a comprar, comprar e comprar. Me chamou mais atenção o trecho entre os minutos 11 e 15, que fala de como as tendências de consumo estão continuamente mudando para nos forçar a renovar nosso guarda-roupa, nossa casa, nossos hábitos, e que usar os hits da moda passada faz nos sentirmos errados ou desinteressantes. O documentário menciona as palavras do analista de vendas Victor Lebaux, ditas pouco depois da Segunda Guerra Mundial: “A nossa enorme economia produtiva exige que façamos do consumo o nosso modo de vida, que tornemos a compra e uso de bens em rituais, que procuremos nossa satisfação espiritual, a satisfação do nosso ego, no consumo. Precisamos que as coisas sejam consumidas, destruídas, substituídas e descartadas em um ritmo cada vez maior”.



"The Story of Stuff" ("A História das Coisas") é um
documentário de 20 minutos produzido pela InfoNature.Org. Muito bom.

São tantas coisas que saíram de moda, e quando voltaram pouco se adequavam ao novo "style" por pequenos detalhes (porque não tinham a cor da estação, ou a proporção adequada). E assim, continuamos a contribuir pra esse ciclo vicioso "viver para comprar x comprar para viver". E tome crise existencial.

Que vergonha de mim mesma.

Agora estou exercitando alguns mantras, pra não esquecer de que não preciso seguir estas tendências pra me sentir bem, principalmente se me lembrar de tantas pessoas que acabam parecendo ridículas quando levam estas frivolidades muito a sério. Também não quero esquecer que eu curto mesmo é a beleza das coisas, e não o que elas representam (materialmente). E se a vontade de TER falar mais alto, então por quê não tentar FAZER por conta própria? Às vezes isso libera mais dopamina do que apenas adquirir.

Um comentário:

Gustavo Santos disse...

pagar dívidas futuras pode trazer tanto prazer quanto consumir :)
principalmente se forem com as próximas gerações...